segunda-feira, 7 de maio de 2012

A laranjeira



Sempre colorida, brilhante como o céu, a laranjeira reinava perante as outras árvores. O seu cheiro era alegre como a sua cor, amarelo. A chuva sempre sua companheira supria suas necessidades, o ar puro dançava com sua parceira noites a dentro, por quilômetros de distancia podia-se ouvir o som dos seus movimentos.
Ali no seu cantinho, ela passou a ser a parceira inseparável de uma bela jovem, ela sempre dizia coisas belíssimas, coisas que a laranjeira nunca antes tinha ouvido. A laranjeira como retribuição dava-lhe sombra, bons frutos e aconchego no seu tronco. Seu fruto sempre doce, arrancava sorrisos e suspiros da jovem moça. Estavam em completa sintonia.
As pessoas ao redor, logo perceberam o potencial da laranjeira e foram se chegando para um cochilo em sua sombra, uma laranja pra matar a sede...
A jovem moça, mesmo sem ter culpa, foi perdendo espaço naquela sombra que antes pertencia somente a ela e a laranjeira ficou cada vez mais ocupada e preocupada com a quantidade de sombra e frutos que precisava produzir pra ajudar tantas pessoas. Não vendo mais espaço no solo, a jovem permitiu-se subir mais alto no tronco da laranjeira, que nunca antes tinha se permitido tal ato e por ter suas folhas grossas e seus pequenos espinhos acabou machucando a moça que cai ao solo, ferindo-se MUITO...
Todos correram em direção a moça, levaram-na pro hospital, lugar tão distando que a pobre laranjeira não pode estar por perto. Todos os incentivos foram de que nunca mais tornasse a subir na laranjeira novamente. A noticia logo se espalhou, as pessoas já não estavam mais tão próximas do troco da laranjeira porém a sua sombra ainda era boa, servia-lhes desde que não tocasse no tronco, as frutas eram bons para comer, que tal se usássemos as folhas para fazer chá? A laranjeira, logo estava curando a gripe com suas frutas e os enjoos com suas folhas, as pessoa sempre levavam frutas em excesso, folhas sobrando e cada dia a laranjeira foi ficando mais fraca. Com menos folhas já não fazia sombra, sem aguá e a doce companhia da moça já não era mais forte. Os frutos foram perdendo a sua doçura, eram arrancados mesmo antes de atingirem a idade, as folhas que mal conseguiam brotar dela, já logo eram levadas embora. E a laranjeira mudou de cor...
Frutos menores, sabores amargos, cores esverdeadas...
Logo deixou de ser chamada de laranja e agora ganhara o novo nome: Limão! E nenhuma pessoa mais conseguia comer dos seus frutos sem fazer careta, nem usaram mais suas folhas amarguradas de tanto que foram maltratadas...
Logo que a jovem moça conseguiu sair do hospital, correu na direção de sua melhor amiga, aquela que escutava todos os seus poemas, contos, historias e sonhos... Mesmo sendo informada de não faze-lo, a moça sabia que quando visse, logo abraçaria a laranjeira. No meio do caminho foi informada que a laranjeira era uma farsa e finalmente tinha se mostrado como real, nunca teria sido uma laranjeira e sim um limoeiro. A moça precisava conferir com seus próprios olhos e sim, era um limoeiro. Decepcionada, caminhou de volta pra casa, jurando nunca mais alí voltar.
A laranjeira amargurada das decepções da vida, rendeu-se a tudo e tornou-se limão.

Tiago Muniz

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