segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

O Musico e a Poeta

Quis a vida, talvez até por ironia, unir um musico e uma poeta. De lugares tão distantes e realidades tão diferentes. Ele tocando a trilha sonoras de outros casais, compondo as canções de outros amores, dedilhando a vida como ela realmente é. Ela descrevendo o cotidiano, dissertando a vida no sertão, escrevendo o vazio das manhãs e o silencio da noite.
Ele, falante, cheio de historias, detalhando com riqueza uma simples ida ao mercado. Ela silenciosa, uma boa ouvinte, nunca querendo atrapalhar, guardando dentro de sí suas próprias historias, enquanto ele simplesmente tornava grande qualquer pequeno acontecimento. Quisera a vida numa tarde chuvosa, num dia escuro embora ainda cedo, colocar os dois frente a frente.
Ela de mãos faladoras, sempre colocando no papel o que a alma não conseguia dizer, descrevendo o que só a audição poderia conhecer, o que só o olfato poderia sentir. O silencio das suas palavras eram compensadas com lindas e grandiosas poesias escritas em seu caderno velho de folhas quase soltas.
Ele se deixava silenciar pelas cordas do seu violão. Dizia com os dedos o que a boca não tinha coragem de expressar. Utilizava-se de um artificio pra conseguir fazer-se ouvir o que realmente era importante ao seu coração. Quando não se fazia ouvir pelas cordas, batia com as mãos na madeira e gritava com elas a plenos pulmões que gostaria de uma atenção extra pela excitação de alguma situação. Assobiava quando era necessário deixar claro como os pássaros, que dia havia apenas começado.
Quisera a vida, que compusessem separados, cada um a sua realidade. Deixando com que buscassem e encontrassem suas conquistas individualmente. Com seus belos poemas, ela viajou o mundo dentro da sua cabeça, entrou e saiu de situações apenas usando o poder de suas palavras sempre sinceras e fortes. O poder dos detalhes foi capaz de tornar o pobre musico fã de suas belas historias. No mundo dele invadiu o próprio coração e fez o batimento tornar-se compasso de suas musicas, usando as melodias como sua grandes companheiras em todos os momentos. Era através de suas simples notas que cada palavra que a poeta escrevia fizesse sentido e ela o admirava por isso.
E foi assim, esperando, trabalhando e usando esses próprios dons a seu favor a vida quis junta-los em uma unica composição. 
Juntando a simplicidade de acordes do musico com a maestria das palavras da poeta, chegaram a sua maior sinfonia, sua grande criação em conjunto. E depois de tantos anos, foi juntos que deixaram com que sua essência virasse obra prima, e a ela, deram o nome de Saul.


Bem vindo!