terça-feira, 5 de junho de 2012

A cigarra



A Cigarra tornou-se pra mim a representação de amor. Todas as noites, solitária em qualquer jardim ou praça ela canta, certamente canta por um amor, um amor que por noites não aparece, persistente ela volta todas as noites e repete a sua cantiga.
Pros falsos amadores parece um cri-cri-cri sem fim, mas a Cigarra canta a canção que só ela e seu amor entenderão e depois de muito ouvi-la consigo imaginar o que ela diz: "Oh meu grande amor, espero por ti aqui, e aqui permanecerei por toda a minha vida, a ti são dedicados meus versos e rimas. E mesmo pobre, cada uma dessas declarações é a ti e somente a ti..."
Sim, sem a menor sombra de duvidas é isso que a pobre Cigarra recita todos os dias, mas o seu amor? As confusões do amor que só cada casal é capaz de entender. As complicações do coração, as motivações, as brigas e desentendimentos, o caos que dois seres conseguem formar dentro de um mundo de apenas dois habitantes.
Mas é esse mesmo amor que motiva, mesmo parecendo uma tentativa em vão que a Cigarra persista na sua cantoria, no seu chamado musical, na sua invocação lirica. E canta, canta cada dia com mais força, cada noite mais alto. E nessa tentativa cada vez mais desesperada canta com tanta força e seu próprio corpo explode de tanta pressão...
Coitado do seu grande amor, tanto brincou, tanto custou, tanto não ouviu que se deparou com a cigarra aos pedaços espalhados no meu jardim... Mesmo triste a nova viúva do jardim escuro canta lamentações, e fará isso dia após dia até conseguir repetir a façanha da Cigarra e quem sabe se encontrarem num sonho onde suas cantigas podem ser repetidas como canções motivacionais pra outros casais que não querem ouvir um ao outro.


Conta a lenda que as cigarras cantam até a hora da sua morte, forçam a canção ao ponto de se explodirem...

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